Confederação de Umbanda e Candomblé Luzes dos Orixás Zaze Loiá Ará
No dia 17 de dezembro de 2011 foi realizada em nossa Nzô o ritual das Águas de Lembá encerrando as atividades do ano.
Agradecemos a presença de todos os filhos de Santos, assistentes e amigos.
Lenda de Lembá
Um dia Lembá,
que vivia com seu filho Lembadilê, velho e curvado por sua idade avançada,
resolveu viajar a Oyó em visita a Zaze, seu outro filho. Foi consultar um
babalaô para saber acerca da viagem. O adivinho recomendou-lhe não seguir
viagem. Ela seria desastrosa e acabaria mal. Mesmo assim, Lembá, por teimosia,
resolveu não renunciar à sua decisão. O adivinho aconselhou-o então a levar
consigo três panos brancos, limo-da-costa e sabão-da-costa, assim como a aceitar
e fazer tudo que lhe pedissem no caminho. Seria uma forma de não perder a vida.
Em sua caminhada, Lembá encontrou Aluvaiá três vezes. Três vezes Aluvaiá
solicitou ajuda ao velho rei para carregar seu fardo, que acabava derrubando em
cima de Lembá. Três vezes Lembá ajudou Aluvaiá, carregando seus fardos imundos.
E por três vezes Aluvaiá fez Lembá sujar-se de azeite de dendê, de carvão, de
caroço de dendê. Três vezes Lembá ajudou Aluvaiá. Três vezes suportou calado as
armadilhas de Aluvaiá Três vezes foi Lembá ao rio mais próximo lavar-se e trocar
suas vestes.
Finalmente chegou a Oyó. Na entrada da cidade viu um cavalo perdido, que ele
reconheceu como o cavalo que havia presenteado a Zaze. Tentou amansar o animal
para amarrá-lo e devolvê-lo ao amigo. Mas neste momento chegaram alguns súditos
do rei à procura do animal perdido. Viram Lembá com o cavalo e pensaram
tratar-se do ladrão do animal. Maltrataram e prenderam Lembá. Ele, sempre
calado, deixou-se levar prisioneiro. Mas, no cárcere, muito magoado, usou seus
poderes para vingar-se do povo. Assim, Oyó viveu por longos sete anos a mais
profunda seca. As mulheres tornaram-se estéreis e muitas doenças assolaram o
reino.
Zaze desesperado, procurou um babalaô que consultou Ifá, descobrindo que um
velho sofria injustamente como prisioneiro, pagando por um crime que não
cometera. Disse-lhe também que o velho nunca havia reclamado, mas que sua
vingança tinha sido a mais terrível.
Zaze correu para a prisão. Para seu espanto, o velho prisioneiro era Lembá. Zaze
ordenou que trouxessem água do rio para lavar o rei. O rei de Oyó mandou seus
súditos vestirem-se de branco. E que todos permanecessem em silêncio. Pois era
preciso, respeitosamente, pedir perdão a Lembá. Zaze vestiu-se também de branco
e nas suas costas carregou o velho rei. E o levou para as festas em sua
homenagem e todo o povo saudava Lembá e todo o povo saudava o Zaze Branco.
Depois Lembá voltou para casa e Lembadilê ofereceu um grande banquete em
celebração pelo retorno do pai.