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Terreiro Bate Folha

 

Terreiro Bate Folha - localizado na Travessa de São Jorge, 65 - Mata Escura do Retiro,  foi fundado em 1916 pelo Tata Manoel Bernardino da Paixão e, atualmente, é presidido por Tata Mulandure, Edualino Cipriano de Souza.

 

Origem do Bate Folha da Bahia

No ano de 1881  Salvador Bahia  nasceu Manuel Bernardino da Paixão. Foi somente em (1919)(Gostaria que fosse retificada ou omitida a data de iniciação do Sr. Bernardino, pois 1919, não pode ser. Pois no próprio artigo quando fala do Senhor Ciriaco, faz menção que Sr. Bernardino foi para casa de Maria Neném, na mesma época da iniciação do Senhor Ciriaco. Então encontramos a data de 13 de junho de 1910, como data da iniciação do Senhor Ciriaco.), quando já contava 38 anos de idade que Bernardino iniciou-se na Nação do Kongo pelo Muxikongo (designação dos naturais do Kongo), Manuel Nkosi, sacerdote iniciado na África, recebendo então, a dijina de Ampumandezu.

Depois da morte de Manuel Nkosi, Bernardino transferiu-se par à casa de sua amiga inseparável Maria Genoveva do Bonfim - Mam´etu Tuhenda Nzambi, mais conhecida como Maria Nenem , mãe do Angola na Bahia, onde tirou a Maku-a-Mvumbi (Mão do Morto).

Maria Nenem era filha de santo de Roberto Barros Reis, escravo angolano, de propriedade da família Barros Reis, que lhe emprestou o nome pelo qual era conhecido. A cerimônia de Maku-a-Mvumbi, à qual Bernardino se submeteu, coincidiu com a iniciação de Manoel Ciriaco de Jesus, nascido em 8 de agosto  de 1892, também na Bahia, o que ocasionou a ligação estabelecida entre Bernardino e Ciriaco que, anos mais tarde, com o falecimento de seu irmão de santo mais velho, Manuel Kambambi, que na época tinha casa aberta na Bahia, Ciriaco sucedeu kambambi, no terreiro que hoje é conhecido por Tumba Junçara.

Com o passar do tempo, Bernardino já muito famoso, fundou o Candomblé Bate-Folha, situado na Mata Escura, em Salvador, Bahia. O terreno onde está estabelecido o Candomblé, é cercado de árvores centenárias e considerado o maior terreiro do Brasil que, na época, foi presenteado à Bamburusema, seu segundo mukixi, já que o primeiro era Lemba.

Desta forma fica claro que, pelas origens de Manuel Nkosi, o Bate-Folha é Kongo e, mantém o Angola, por parte de Maria Nenem.

Foi no dia 4 de dezembro  de 1929 que Bernardino tirou seu primeiro barco, cujo Rianga (1º Filho da casa) foi João Correia de Mello, que também era de Lemba.

 

O Bate-Folha do Rio de Janeiro

Por volta de 1938 , João Correia de Mello , já então conhecido como João Lesenge (Lessengue), mudou-se para o Rio de Janeiro.

Ao chegar, Lessenge foi morar na Rua Navarro, no Catumbi, havendo trazido em sua companhia alguns irmãos de santo, dentre os quais, se destaca por sua atuação Mãe Ngukui, componente do terceiro barco de Bernardino.

Ngukui seria então o braço direito de Joao Lesenge na sua nova empreitada no Rio de Janeiro. Aqui, João Lesenge conheceu outras pessoas de santo em sua maioria oriunda da Bahia, passando então a participare dos rituais das diversas casas de candomblé já existentes na cidade.

Diversas personalidades importantes do candomblé faziam parte de seu círculo de amizades, como Ebomi Dila, Mãe Agripina do Opo Afonjá, Mãe Teté, Mãe Bida de Yemanjá, Joana Cruz, Joana Obasi, Mãe Andreza, Guiomar de Ogun, Mãe Damiana, Antônio Fomotinho, Vicente Bankolê, Ciriaco, América, Adalgisa, Marieta, Marota, Obaladê, Nair de Oxalá, Marina de Ossãin, Nino de Ogun, Mundinho de Formigas, Otávio da Ilha Amarela, Ogan Caboclo, Álvaro do Pé-Grande, Mãe Teodora de Yemanjá, etc. No início dos anos 40, Lesenge comprou um terreno com aproximadamente 5.000 metros quadrados, no bairro Anchieta, fundando ali, o Bate-Folha do Rio de Janeiro .

Ao longo dos anos João Lesenge tirou doze barcos, sendo o primeiro em 26 de novembro de 1944, e o último em 8 de novembro de 1969 .

No dia 29 de setembro de 1970 , às 23:40hs., morre João Lesenge, o senhor do Bonfim de Anchieta.

Após o falecimento de Tata Lesenge em 1970 , a roça atravessou um prolongado luto.

Foi somente em 1972 , em ocasião de Luvalu (cerimônia de sucessão), que o Bate-Folha do Rio de janeiro reabriu, sendo ali investida no cargo como Mam´etu riá Nkisi (sacerdote chefe), sua sobrinha e filha de santo, Mabeji - Floripes Correia da Silva Gomes), tornando-se, herdeira de seu tio Lesenge em todo o sentido da palavra.

Mam´etu Mabeji, baiana do bairro da Liberdade, chegou ao Rio de Janeiro para residir com o Sr. João Lesenge em 19 de outubro  de 1946  e, iniciou-se no candomblé em 20 de abril l de 1947 . A partir desta data, Mabeji começa a fazer parte da história do Bate-Folha.

Por volta dos anos 50, em companhia de um índio Irapuru, chega ao Bate-Folha o Sr. José Milagres. Com o passar do tempo, Milagres casa-se com Mabeji e posteriormente, se confirma na casa como Pokó (sacrificador de animais) passando então a ser conhecido como Tata Nguzu-a-Nzambi, sua dijina. Dai em diante, Tata Nguzu tem sido um guerreiro incansável na preservação da roça em Anchieta. Em virtude da grande obra que está sendo feita, o Bate-Folha não vem proporcionando ao público suas maravilhosas festas, realizando apenas, às obrigações internas.

Ressaltando, o parágrafo anterior, para que fique explícito à muitas pessoas que, por não terem mais notícias das famosas festas em Anchieta, comentam que o Bate-Folha acabou.

Ressaltando ainda, que em abril do próximo ano (1997), o bate-Folha reabrirá suas portas para a grande festa do século, ocasião em que será comemorados os 50 anos de santo de Mam´etu Mabeji, mãe do Kongo/Angola no Rio de Janeiro.

A direção do Painel Cultural parabeniza antecipadamente Mam´etu Mabeji pela dedicação de 50 anos de religiosidade, como também, parabeniza tata Nguzu-a-Nzambi que, ao lado de sua esposa, vem mantendo a autêntica tradição Kongo-Angola, legada por aqueles que se foram. Que Lemba e Nsumbo nos dêem força!

O Terreiro Bate Folha continua hoje sob a direção de Mam'etu Mabeji. Em 2005, o Bate Folha lançou um cd, chamado Cantigas de Angola, produzido pela Fundação Universidade de Brasília e pela Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), com o apoio do Museu da República e da Fundação Cultural Palmares, do Ministério da Cultura.